Centro Hospitalar Veterinário

Neoplasia/tumor Adrenal no Cão

 

Definição

 

As glândulas adrenais localizam-se perto dos rins e são responsáveis pela produção de hormonas, nomeadamente o cortisol, aldosterona, adrenalina e noradrenalina.

Perante a detecção de uma massa adrenal duas questões devem ser colocadas:

            Trata-se de uma lesão benigna ou maligna?

            É um tumor funcional (produz hormonas) ou não funcional?

As neoplasias das glândulas adrenais são relativamente comuns em cães seniores e são normalmente tumores benignos. No entanto a distinção entre benigno e maligno é difícil nestes casos, mesmo com biópsia da lesão, pelo que são utilizados critérios como o tamanho do nódulo e sobretudo a invasão de estruturas adjacentes como a veia cava, para classificar o tumor como maligno.

Tumores com origem na medula da glândula adrenal segregam adrenalina e são denominados de feocromocitomas. As neoplasias com origem no córtex produzem esteróides, sobretudo cortisol, mas também aldosterona e hormonas sexuais.

 

Sintomas

Em muitos casos a presença de um nódulo na glândula adrenal é um achado sem sintomatologia associada.

Noutros casos o tumor é funcional, isto é, produz em excesso um dos tipos de hormonas referidos anteriormente o que leva à demonstração de sintomatologia. Assim, no caso de excesso de produção de cortisol surgem sinais como aumento do consumo de água, aumento da produção de urina, aumento de apetite, perda de pelo, abdómen distendido (Síndrome de Cushing); no caso do Feocromocitoma, as hormonas produzidas são a adrenalina e noradrenalina e os sintomas são mais inespecíficos e dramáticos: hipertensão, arritmias e colapsos e morte súbita. Os Feocromocitomas são normalmente considerados como lesões malignas.

 

 

Diagnóstico

A ecografia é essencial para a detecção de uma lesão na glândula adrenal.

Após a detecção da neoplasia adrenal é importante realizar uma urianálise e medição de pressão arterial para detecção de sinais associados a Síndrome de Cushing ou Feocromocitoma- baixa densidade urinária, hipertensão, proteinúria.

Caso a história e o exame físico sejam sugestivos de uma lesão funcional, a medição seriada do cortisol sanguíneo está indicada através da realização de um teste denominado de Teste de Supressão com Dexametasona a doses Baixas.

 A TAC tem vindo a ganhar popularidade nos casos em que a ecografia não é conclusiva ou no planeamento de cirurgia.

 

Tratamento

O tratamento poderá envolver cirurgia, tratamento médico, tratamento médico combinado com cirurgia, ou apenas vigilância.

A cirurgia é o tratamento mais eficaz para lesões unilaterais ou com elevado potencial de malignidade (suspeita de feocromocitoma, ou lesões grandes). No entanto a cirurgia é complexa e possui elevados riscos anestésicos e pós-operatórios e deverá ser realizada por um cirurgião experiente e com o apoio de uma vigilância pós operatória intensiva.

O tratamento médico com Trilostano é útil para controlar os sintomas associados a Síndrome de Cushing pensando-se que poderá também ter alguma utilidade no controlo da neoplasia, ainda que por motivos desconhecidos.

No caso dos Feocromocitomas a utilização de bloqueadores alfa pode também ajudar no controlo da sintomatologia.

A quimioterapia convencional não é eficaz neste tipo de neoplasias.

A vigilância está indicada para lesões pequenas, não funcionais e devendo ser realizados controlo periódicos para detectar qualquer crescimento rápido da massa o que fará alterar o plano terapêutico.

 

Prognóstico

O prognóstico é bom para cães assintomáticos e com lesões pequenas. Massas grandes, com invasão local e Feocromocitomas possuem um prognóstico reservado.

 

Hugo Gregório, MV