Centro Hospitalar Veterinário

Dermatofitose (Tinha)

 

Definição

A dermatofitose (doença infeciosa da pele mais comum no gato), vulgarmente designada de tinha, é uma infeção das camadas superficiais da pele. O organismo causal é um fungo que tem capacidade de invadir e alimentar-se de tecido queratinizado (pele, pêlos e unhas, do Homem e dos animais). Este parasita alimenta-se da queratina (proteína integrante da estrutura da pele) e não consegue viver em tecidos com uma grande inflamação.

 

Os três tipos de fungos mais comuns são: Microsporum canis, Tricophyton mentagrophytese o Microsporum gypseum. Em geral, o M. canis é a causa mais comum de dermatofitose nos animais, correspondendo a 80% dos casos nos cães e a 98% nos gatos. A infeção pode ocorrer em qualquer idade, embora os gatos jovens sejam mais comumente afetados que os gatos mais velhos, assim como em pacientes imunodeprimidos (animais FIV e feLV positivos) ou debilitados. Sabe-se também que os gatos de pêlo comprido têm uma maior predisposição para esta doença, devido a uma maior dificuldade de remoção dos esporos do fungo durante a higiene diária.

Estes organismos podem estar presentes nos animais ou ambiente (pêlos e descamações), mas também em escovas, pentes e cama do animal. Além do contacto direto, importantes fontes de infeção são os chamados portadores assintomáticos. A dermatofitose é uma doença extremamente contagiosa, não apenas entre os animais, mas também dos animais para o homem.

Os Persas e os Yorkshires são predispostos à doença.

 

Sintomas

As lesões características desta doença são resultado de uma reação inflamatória da pele ao fungo. Os dermatófitos invadem a haste do pêlo, destruindo-a, e alteram a queratinização normal. Clinicamente, estas lesões resultam da queda do pêlo e descamação. O animal apresenta zonas circulares de alopécia (falta de pêlo) com um anel vermelho de inflamação, descamação, eritema (rubor), hiperpigmentação e prurido (este nem sempre está presente).

As lesões clínicas podem serlocalizadas ou multifocais, estandoos esporos presentes em toda a pelagemdevido aos comportamentos delimpeza dos gatos. Nos gatos jovens, aapresentação clínica mais comum incluidescamação e a alopécia em volta dofocinho, orelhas e membros anteriores.

 

Diagnóstico

A cultura fúngica (DTM) representa o método mais fiável para confirmar o diagnóstico de uma dermatofitose.(Cultura de fungos-DTM: retirar pelos da área em torno dalesão, arrancando-oscom uma pinça ouescovando-os comuma escova dedentes nova, ecolocá-los numaplaca de culturapara fungos. O meiode teste paradermatófitos contémum indicador decor que assinalao crescimentode um microrganismopatogénicopotencial).

 

 

Tratamento

Apesar da maioria das infeções nos gatos saudáveis ter remissão espontânea, é sempre aconselhável o tratamento pois trata-se de uma doença altamente contagiosa.

·         Tratamento local: é essencial para prevenir a contaminação do meio ambiente. Para que este tratamento seja efetivo, por vezes pode ser necessário tosquiar o animal. São usados champôs e cremes antifúngicos.

·         Tratamento sistémico: a medicação sistémica é essencial no tratamento da dermatofitose. Esta medicação vai atuar nos folículos pilosos e assim chegar ao local onde estão concentrados os fungos, conseguindo eliminá-los.

·         Descontaminação do meio ambiente: deve ser feita uma limpeza cuidada e repetida dos locais de permanência do animal. A sua cama, escovas, coleiras devem ser eliminadas. Os tapetes que não puderem ser destruídos ou removidos devem ser lavados com solução desinfetante. A lavagem com água quente é recomendada como um método de descontaminação. Para destruição dos esporos fúngicos, a temperatura da água aplicada deve ser no mínimo 43º C.

 

 

É necessário ter em mente que o tratamento desta doença é demorado e que não apresenta resultados visíveis logo no primeiro dia. Pode levar algumas semanas até que o proprietário note algumas melhorias no seu animal. Aliás, as áreas de alopécia podem aumentar nos primeiros dias de tratamento. Os animais infetados em tratamento continuam potenciais fontes de contágio pelo menos durante 3 semanas após o início do tratamento. No final do tratamento, o animal deverá estar curado. Considera-se que o animal está tratado após obter dois a três resultados negativos em culturas fúngicas consecutivas, com intervalos quinzenais

 

Sara Peneda, MV

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